segunda-feira, 9 de março de 2009

(8)- OPOSTOS... ARIDEZ DA VIDA.


Os opostos são o lado das dualidades da vida que as pessoas, em função de sua visão de mundo, consideram inaceitáveis.
Entre os muitos, o desamor, a derrota, a pobreza, o insucesso, a enfermidade, o desemprego etc., há a morte, porque mesmo sendo um evento indissociável da vida, para muitos causa impasses (situações sem saída ou dificuldades insuperáveis) psicológicos, dificuldades que suscitam traumatismos psíquicos vez ou outra indissolúveis.
Os opostos, chamados também “Fatores Estressores”,   responsabilizam-se pela angústia, raiva, amargura, estados de não perdão, agonia,  ansiedade etc., que agride a maioria dos homens.
Entre os “Fatore Estressores”, ainda, há episódios,  situações, pessoas ou objetos que provocam em nos indivíduos uma tensão emocional que o induz ao stress.
Há mais fatores estressores? todos os que, mesmo variando quanto à sua natureza, abrangem desde componentes emocionais, como, por exemplo, a cólera, frustração, ansiedade ou perda, até componentes de origem ambiental biológica e física, como é o caso do ruído excessivo, o trânsito caótico, as pressões do estudo, trabalho, poluição, variações extremas de temperatura, problemas de nutrição, falta de libido e por ai em diante.
Difícil conviver com estas situações? Hora, mais uma vez fazem parte da vida, uma arena onde os homens, como gladiadores, se enfrentam de contínuo em busca do sucesso que almejam. Conseguindo-o, derrotam o oponente, e este, se não edificar sobre a derrota para o embate seguinte, passa a ser um eterno estressado.
A primeira fase do stress é positiva, é representada pelo nível de ansiedade e expectativa que brota do cerne do homem para prepará-lo para enfrentar os  da vida. Uma reação natural que leva alguns indivíduos a se superarem.
O problema surge depois, porque este distúrbio, se não tiverem um fim, como uma pintura que ao receber camadas  sobrepostas assume cores mais intensas, se acentua na medida em que a pessoa não consegue mais descarregar suas tensões naturalmente.
Chega-se, então, a fase em que o stress passa a causar distúrbios físicos e psíquicos. Físicos como dor de cabeça, coluna, enxaqueca, cansaço, sudorese, falta de ar, taquicardia, pressão alta, dores musculares, insonia, ausência de libido, crises de asma, queda de cabelo, erupções cutâneas, pruridos e distúrbios intestinais. Entre a irritação, angústia, perda de sono, dores de cabeça, problemas digestivos etc., que desembocam na exaustão física e mental. Entre os psíquicos há a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, crises de choro, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa auto-estima e ideias de suicídio.
Destarte, se os indivíduos não fortalecem sua estrutura emocional para suportar o “peso dos opostos", similarmente a uma estrutura projetada para suportar 200 Kg., mas carregando 300, perdem o equilíbrio. Assim, se planejavam passar o fim de semana na praia, e por isso contavam com o sol, se ao contrário chove, ficam amargurados, e a contrariedade se agrava na segunda feira se faz tempo bom.
Nessa “atmosfera”, como em qualquer outra produzida por eventos semelhantes, se o cachorro late, os canários cantam ou o papagaio do vizinho fala, a tensão atinge níveis que vez ou outra provocam perigosas reações como chutar a bunda do cachorro, bater com a vassoura na gaiola do periquitos ou gritar para o vizinho para que de jeito no seu papagaio porque está “enchendo o saco”.
O descontrole assim gerado não tem limite, e por não tê-lo – sem pensar nas conseqüências e no provável arrependimento posterior, os mais insignificantes desentendimentos dão origem a desenfreadas discussões, que tanto podem acontecer entre o marido e mulher, pais e filhos, no trânsito, na padaria, no supermercado, no trabalho ou onde estiverem. Nesse estado, as pessoas passam a exercer papéis não somente ridículos, mas incabíveis.
Estes, entretanto, são somente os efeitos exteriorizados, assim como o é a fumaça e a cinza que são arremessadas para o alto quando um vulcão se predispõe a entrar em erupção. Mas é a pressão que se acumula nos domínios psíquicos a causa dos maiores estragos, porque enquanto em um vulcão a liberação da energia interior pode abrir uma brecha na sua estrutura rochosa, no homem pode provocar um acidente cardiovascular, um câncer ou qualquer outra enfermidade grave.
São infinitas as enfermidades que vitimam a humanidade devido aos distúrbios psíquicos que abrolham a partir da intolerância, postura que ao se ampliar, além de dificultar a aceitação dos opostos, alimenta os vícios que vão da alimentação inadequada, passam pelo alcoolismo e tabagismo e findam nas drogas.
Elas afloram porque, ao perder a modéstia, o segredo do sábio, o homem tornou-se abusivamente arrogante e exigente demais. Por um lado, em sua audácia afronta tudo e todos, mas se sobrepujado (no amalgama da vida há sempre mais insucessos do que vitórias), não consegue coexistir com a derrota.
Chegou ao ponto que peita Deus. De inicio o exalta tentando suborná-lo, mas, quando acontece o inevitável, culpando-o pelo acontecido, blasfema, impreca, chegando a se tornar ateu ou a se filiar a outras religiões a titulo de vendeta.
Entretanto, ninguém, por mais estressado que esteja, mesmo admitindo sentir dores, ter o pavio cada vez mais curto, não fazer a digestão, não conseguir dormir ou fazer sexo, não mais se relacionar com a família etc.etc., admite que está estressado.
Sigmund Freud dizia que no inconsciente do homem se encontram os conteúdos psíquicos (desejos, impulsos, medos etc.) que a consciência escondeu de si mesma por não conseguir aceitá-los, e que o homem acredita ter esquecido, minimizando, assim, o sofrimento inerente. mas que, por terem sido removidos para o inconsciente, lá permanecem até que, após manifestarem-se como traumas psicológicos, assumem as mais variadas enfermidades de caráter patológico.
No  brasil esta manifestação regride até a época do império e quem a expõe é a historiadora Mary Del Priore. 
O imperador Dom Pedro II (1825/1891) teve dois filhos homens, mas, por terem morrido na infância, a preservação da sua linhagem no trono passou a depender de suas filhas, isto é, de Isabel Cristina, a primogênita e Leopoldina Teresa a que nasceu a seguir.
Entretanto, como a princesa Isabel nos primeiros anos de matrimonio com o Conde d` Eu não conseguia engravidar, na medida em que os anos passavam, a falta de um sucessor gerava na corte uma ansiedade intensa. Foi no cerne desta agonia que surgiu uma nova esperança, porque Leopoldina, a filha mais nova, ficara gravida.
Pedro Augusto, seu filho, ao nascer em 1866, catalizou a atenção de todos, e, quando em seguída passou a gozar do carinho de avô imperador, ninguém teve mais dúvidas de que seria ele a sucedê-lo no trono.
A princesa Isabel, porém, dez anos após o casamento engravidou, e como a Constituição do império rezava que o filho mais velho de Isabel, a primogenita, era o natural sucessor de Dom Pedro II, quando este viesse a abdicar, Pedro de Alcantara, que nasceu em 1875, assumiria o trono.
Nesse momento começaria o drama que viria a “envevenar” a alma do principe Pedro Augusto, porque, por ser nove anos mais velho do primo Pedro de Alcantara, ao longo de muitos anos sonhara ser o imperador. Sim, a idéia de que não mais viria a ser o ocupante do trono era devastadora, e por sê-lo, começou a somatizar...Sofria de insónia, suores e tremores nas mãos.
O Brasil, na época, vivia as tensões da campanha abolicionista e do movimento republicano, o ambienta apropriado para que no palacio florescessem as mais crueis intrigas. Pedro Augusto, neste cenário, se tornou um instrumento útil, mesmo porque, aparentemente, era o preferido do avô. Faziam programas juntos, iam ao teatro e, ao acompanhar Dom Pedro II em viagens à Europa, passou a ser conhecido como o favorito.
O sucesso de Pedro Augusto nas cortes do velho mundo, acabou merecendo destaques nos jornais e isso, claro, enfureceu a princesa Isabel e seu marido Conde d`Eu a ponto de tomarem satisfações de Dom Pedro II.
O clima, na família, então, passou a se conturbar, o que estimulou mais ainda a rivalidade entre Pedro Augusto e Pedro de Alcantara. Mas foi a proclamação da Republica que fez ruir os últimos sonhos de Pedro Augusto quando somava 23 anos. Em seguida, abatido e acossado por distúrbios psicóticos, fugiu com a familia para a Europa. Mas esta atitude não foi suficiente para afuguentar sua angústia, e assim sendo, a sua enfermidade se agravou. Dizem que chegou a ser atendido por Sigmund Freud, então um jovem médico austríaco, mas seus problemas continuaram se agravando até que com 27 anos, acossado pelos boatos de que o primo que odiava assumira o trono, tentou o suicídio.
Pedro Augusto viveu solitário e morreu aos 68 anos após passar 41 deles internado em um manicomio. Sim, colocado em uma situação de impasse psicológico, somatizando, desenvolveu a enfermidade que o matou.
A seguir alguns casos de somatizações após trauma psiquico comprovados pela ciência médica.
· O divórcio mais que dobra o risco de desenvolver o câncer.
· A morte do marido dobra as probabilidades de a doença aparecer.
· A perda de um parente ou amigo próximo chega a aumentar os riscos em até 40%.
· A perda do emprego pode fazer com que as probabilidades de desenvolver o tumor aumentem em 20%.

quinta-feira, 5 de março de 2009

NEWLETTER DESTINADA A GESTORES DE RH



Prezados Senhores.
No seu foco a relação saúde/doença e processos de produção, um dos preceitos que afiançam, se mantida sob domínio constante, a plena sinergia entre capital e trabalho, exige ou não, em razão da conjuntura atual e dos efeitos flagelantes do stress - agora endêmico, imediatas reformulações? Claro, é inequívoco, mesmo porque, da forma como vai o cenário mundial, aceitemos ou não, a situação só tende a se agravar.
Lembro-lhes que já em 2007, pela pesquisa realizada pelo ISMA (Internacional Stress Management Association), 70% dos trabalhadores brasileiros viviam estressados, e que o Brasil ficou em segundo lugar entre os países mais estressados do mundo cabendo a primazia ao Japão onde o índice de trabalhadores sofrendo de stress chegou a 85%.
No nosso país, ainda, segundo a mesma fonte, o custo do stress chegou a 3,5% do PIB, cerca de R$ 33 bilhões ao ano, ônus correspondente a tratamentos médicos e perda de produtividade só porque no seio da grande maioria das empresas não foi desenvolvida a cultura de prevenção ao stress.
Ou sua companhia já está entre as empresas que para tentar minimizar os problemas causados pelo stress estão investindo em programas de relaxamento, ginástica, recreação ou em espaços onde os dependentes podem tirar uma soneca após o almoço para relax? Se o fazem, ótimo, mas saibam que são soluções anódinas. Anódinas porque, agindo sobre o efeito, e não a causa, só o atordoam por um curto período, similarmente á pastilha que ingerem para eliminar a dor de cabeça quando esta é causada pela má digestão ou tensão nervosa, por exemplo.
Estejam cientes. Não azerando as tensões causadas pelos impasses psicológicos, após ensinar, e isso é forçoso, como administrá-los para não sofrer recaídas, semanas após, como já devem ter notado, tudo volta a ser como dantes.
Há solução não anódina contra o stress, ou seja, um antídoto de baixo custo? Sim, uma palestra Zen. Zen porque inclui um ritual terapêutico tibetano que literalmente o extingue. Suprime o stress, elimina as dores e mal-estares conseqüentes e ainda motiva os funcionários a um comprometimento mais entusiasta em relação aos interesses da empresa. (Adiante encontrarão os detalhes pertinentes.)
Meras palavras? Só até o momento em que, após selecionarem uma dezena de colaboradores, me convidarem para, sem ônus, submetê-los ao cerimonial mencionado. Ao fim dele, vendo-os e ouvindo-os, ficarão pasmos.
Inversamente, se sua companhia, por não ter desenvolvido a cultura de prevenir o stress, permanece entre as que se cotizam para gerar o custo de 33 bilhões ao ano, absorvendo sua parte, claro, sugiro que meditem a respeito dos aspectos a seguir.
A) – O stress é endêmico? Bem, se analisamos os informes da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a respeito do consumo de antidepressivos no Brasil, concluiremos que sim, porque enquanto em 2004 venderam-se 17 milhões de unidades deste fármaco (gotas, cartelas de comprimidos, cápsulas etc), em 2007 o consumo estourou ao nível de 24 milhões, e em 2008 (considerando que só entre janeiro e julho consumiram-se 15 milhões), deve ter explodido para além dos 30 milhões.
B) – Os efeitos do stress são flagelantes? Claro, porque nas empresas, sem que ninguém o note, as vitimas do stress perdem a motivação, ficam desprovidas de desempenho, tornam-se geniosos, prestes a explodir, vingativos, cínicos, egoístas, rígidos de pensamentos, deficitários de assertividade e por redundância aniquilados no que diz respeito à eficiência pessoal. Sofrem de insônia, fraqueza constante, enxaquecas, dores várias, depressão, falta de interesse - inclusive o sexual, erupções cutâneas de tipo alérgico, suores, crises de choro e desespero, falta de ar, boca seca, respiração ofegante, ataques agudos de ansiedade, impossibilidade de concentração, perda do bom humor, falta de apetite, ou, ao contrário, voracidade incontrolável e por fim chega a deterioração de todas as relações afetivas: esposa, filhos, amigos, superiores e colegas de trabalho. É nesta fase que um número crescente de indivíduos passam a consumir drogas porque seus efeitos, isto é, a euforia, sensação de poder, ausência de medo e ansiedade, agressividade, excitação física, mental e sexual lhe alivia as tensões. Ou então, se suicidam.Há mais, porque o estressado, tendo seu sistema imunológico debilitado pelo cortisol (o hormônio do stress segregado no córtex adrenal), não somente passa a somatizar patologicamente uma doença após outra, mas nele até um simples resfriado pode se transformar em uma grave enfermidade. Justamente no momento em que as empresas, para manter eficiência e competitividade, na contrapartida das demissões necessitam contar com acréscimos no ritmo de trabalho, da responsabilidade e do número de tarefas a serem executadas.
C) – A relação saúde/doença e processos de produção, devido a endemia do stress, exige imediatas reformulações? A reportagem a seguir, publicada em janeiro p.p. na mídia ao redor do mundo, deixa claro que sim.
Londres - Os antidepressivos da nova geração não funcionam, salvo nos casos mais graves, porque na maioria dos pacientes só têm efeito placebo. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada por cientistas do Reino Unido, Estados Unidos e Canadá que examinaram todos os dados existentes sobre esse tipo de substâncias. Para o estudo, divulgado na publicação especializada "Public Library of Science", foram utilizados os resultados de 47 testes clínicos, além de uma série de dados inéditos graças à legislação britânica sobre liberdade de informação. As conclusões da pesquisa valem no caso do Prozac (fluoxetina), do Seroxat (paroxetina), e de fármacos similares como Effexor (venlafaxina) e Serzone (nefazodone).Segundo Tim Kendall, diretor-adjunto da Divisão de Pesquisa do Royal College of Psychiatrists, os laboratórios geralmente publicam somente os estudos que lançam uma luz positiva sobre seus produtos.
Após estas abordagens, pergunto: V.sas. ainda cultivam a opinião que o custo inerente a este cenário é absorvido pela medicina do trabalho? Aquela que permanece eternamente em crise porque, para se manter competitiva, por um lado é forçada a investir de contínuo em novas tecnologias, e do outro, além de só dispor de médicos que aceitam a remuneração de R$. 18,00 por consulta, ainda os obriga a restringir ao máximo o número de exames clínicos que precisam para enunciar seus diagnósticos?
Descrição da solução não anódina, do antídoto de baixo custo, ou melhor, da palestra Zen por incluir o ritual terapêutico tibetano.
Descrição:Diante da platéia, por meio de vibrações que extraio de duas taças de som tibetana, um pequeno gongo e um sino - enquanto o ambiente é sonorizado por mantras, levo os participes a um estado de entorpecimento que faz aflorar de seus inconscientes as tensões que tem origem em seus conflitos íntimos. Os impasses psíquicos que procedem daquelas oposições de interesses e sentimentos que jamais são bem resolvidos. Em outras palavras, o stress, a seqüela provocada pelas angústias, ansiedades, animosidades, medos diversos, dos vários estados de desassossego advindos da falta de perdão e pensamentos malfazejos.Afloradas as tensões, segundo Sigmund Freud, daquele vasto e obscuro oceano chamado inconsciente ao sabor do qual o homem faz suas escolhas, as absorvo junto com as dores que provocam: cabeça, pescoço, ombros, coluna, além da rigidez, das palpitações, suores e demais mal-estares.É ver para crer, porque ao serem despertos, suas faces serenaram e sorriem em razão da quietação interior, por se sentirem leves (a percepção é que lhe foram retirados “dezenas de quilos”), terem voltado a confiar em si mesmos e por se perceberem psiquicamente ajustados e fisicamente saudáveis.
Claro, antes e depois disso discorro a respeito de como evitar o stress, visto que em ultima instância - e provo isso, se resume em aprender a coexistir pacificamente com os opostos, o lado “considerado desarmônico” presente nas dualidades que permeiam a vida das pessoas.
Como desenvolvi esse carisma? Ao longo de 15 anos de pesquisas e estudos práticos, dedicando-me, desde então, a curar estressados e outros enfermos extinguindo-lhes antes disso as tensões que os mantinham desequilibrados. Experiência que me permitiu historiar o livro “Elas & Eles Driblando o Stress que pode ser acessado em http://driblandostress.blogspot.com.br/
Curriculum Vitae:
Nome: Giancarlo Dardi
Origem: Bologna – Itália, 05-07-1934
Escolaridade: Superior incompleta
Experiências:Olivetti do Brasil S.A
De 1956/65 supervisor vendas.
De 1965/80 gerente de diversas filiais.
De 1980/82 gerente divisão Marketing.
Outras empresas:
De 1983/93 diretor de marketing.
e 1994 em diante estudioso das religiões e pesquisador dos fenômenos espirituais decorrentes da evolução moral, além das ciências atinentes à saúde mental e física, dos poderes da mente e da eficácia destes nas técnicas de curas naturais.
Escritor e palestrante.
Livros de minha autoria ainda não publicados:Enigmas do arquiteto Maior - Fundação Biblioteca Nacional, certificado de registro Nro. 386.930.
Elas & Eles Driblando o Stress - Fundação Biblioteca Nacional certificado de registro Nro. 426.846.
Maiores informações:
E mail: g_dardi@hotmail.com (g_dardi)
Telefone: (011) 2341-3147
Agradecendo a atenção e permanecendo a vossa disposição.
Atenciosamente
Giancarlo Dardi

(7)- STRES, O "PESO" INSUPORTÁVEL DOS OPOSTOS



A Neuroendocrinologia do stress surgiu quando Hans Selye, em 1936, observando animais e homens, constatou que quando submetidos a fatores extenuantes ou que avaliavam arriscados, apresentavam respostas psicológicas e físicas, não só analisadas pelo SNA simpático, mas também por substâncias produzidas no seu cérebro (especificamente na glândula hipófise) que se refletiam em outras glândulas, com ênfase nas supra-renais, forçando-as a liberarem adrenalina e noradrenalina.
Foi assim que o vienense Hans Selye, após emigrar para o Canadá e freqüentar a Universidade de Montreal, começou a desenvolver os estudos que o tornaram conhecido internacionalmente como o criador da teoria do Estresse.
Em verdade, este conceito começara a desenvolvé-lo em 1920, quando, como estudante em Praga, passou a analisar psicologicamente os enfermos. Constou, então, que os afetados por pneumonia se comportavam diferentemente dos tuberculosos, e ambos, desigualmente daqueles que eram portadores de problemas cardíacos, úlceras, câncer e outras enfermidades graves.
Em 1926, ainda como aluno, persistindo em suas análises, se deu conta que os doentes que examinava eram portadores de quadros semelhantes, ou seja, fraqueza muscular, cansaço, apatia, perda de peso e expressões faciais análogas. Chamou este quadro “síndrome geral do doente”.
Naquela época, passou a estudar e catalogar os aspectos que eram comuns aos enfermos que atendia, ao invés de se limitar a focar as diferenças patológicas que apresentavam. Com isso, começou a identificar em cada um deles os efeitos gerados pelas “tensões” que padeciam e de que forma estas estavam contribuíndo para o agravamento das respectivas enfermidades.
Suas pesquisas haviam sido influenciadas também pelos trabalhos de um fisiologista de Harvard, o Dr. Walter Bradford Cannon, o qual, no começo do século, conseguira estabelecer que o fenômeno chamado "briga ou luta" era a resposta do corpo humano quando se percebia em perigo. Mas, enquanto Cannon se ateve á pesquisa deste fenômeno, um sistema que, através do equilíbrio dinâmico, “protegia automaticamente o corpo humano”, Selye continuou dedicando-se a pesquisa que os danos causados pelo efeito “das tensões” (desde que continuadas), provocam no corpo psicossomatico.
Foi Selye, também, que ao adotar o termo “tensão” para descrever a reação do corpo humano diante dos “pesos” que racionalmente não estava capacitado a suportar (stress na língua inglesa, utilizado na engenharia para se referir ao cansaço de uma estrutura quando forçada a suportar um peso maior daquele para o qual havia sido projetada), acabou divulgando-o internacionalmente, mesmo se antes dele Walter Bradford Cannon já o havia utilizado.
As experiências com ratos, em 1936, mostraram que inúmeros estressores, tais como infecções, traumas, hemorragias, temores, e até injeção de substâncias nocivas, produziam o mesmo efeito, pois quando estes animais eram examinados, apresentavam glândulas supra-renais hiperplásicas, isto é, tecido imune atrofiado (timo e nódulos linfáticos) e úlceras gastrintestinais. Ele, que anteriormente chamara o quadro clínico comum aos enfermos de “síndrome geral do doente”, após constatar que um grande número de estressores produzia as mesmas respostas, mudou seu nome para “Síndrome de Adaptação Geral” ou G.A.S. em Inglês.
Selye desenvolvera sua teoria baseado na convicção de que a soleira que permite o acesso das enfermidades ao corpo humano, abria-se quando os hormônios que este mesmo corpo produzia para reagir as tensões, se esgotavam.
Robert Bradford Sapolsky, porém, em seu livro “Porquê Zebras Não Adquirem Úlceras”, publicado em 1994, demonstrou o contrário, porque as evidências indicam que estes hormônios não somente não se esgotam depois de prolongadas exposições aos estressores, mas são eles que, continuando a serem gerados pelas próprias tensões, produzem enfermidades no corpo.
Deduz-se, a partir desta constatação, que “quem projetou o corpo humano”, o dotou de um sistema que o protege, porque diante das “tensões” que o agridem, segrega automaticamente hormônios que o fortalecem, mesmo se este fortalecimento se restringe à primeira fase do stress, porque quando as tensões não são “vencidas”, em curto espaço de tempo os hormônios que continuam sendo segregados (atingindo quantitativos não mais passíveis de serem eliminados pelo organismo), levados pela corrente sanguínea aportam em campos celulares fazendo-lhes perder suas características operacionais específicas. Resultado: somatizam (adoecem). Quer dizer: o sistema protege, porque quando um sujeito é agredido por um evento estressor é fortalecido para que possa superá-lo, mas paga um preço que pode ser muito alto quando não “assume” que tem a obrigação de fazer a sua parte, ou seja, perdoar quando magoado ou não utilizar a inteligência de que é dotado para se sobrepujar ás “ocorrencias” que naquele momento, atemorizando-o, o estressam.
Hans Selye, depois de 1936, começou a publicar suas pesquisas observando que a exposição a fatores de risco, isto é, extenuantes ou indesejáveis, trazia respostas muito bem caracterizadas: taquicardia, aumento das pupilas, suores, irritação e muitas outras, que ele denominara “Sindrome Geral de Adaptação”, passando posteriormente a utilizar a palavra stress que em inglês significa “pressão, tensão ou insistência”. Segundo sua tese, então, a pessoa estressada é aquela que está sob pressão, tensão ou ação de estímulos insistentes. Em outras palavras, sob fatores estressores.
Mas o que significa a palavra Stress? No Oxford English Dictionary tem estes significados: Força ou pressão exercida sobre um objeto. Força ou pressão exercida sobre uma pessoa com a finalidade de compelir ou extorquir. Exercício extenuante ou grande esforço. Sofrimento, adversidade ou aflição. Insistência excepcional, ênfase. Solicitação excessiva de um órgão corporal ou da mente.
Stress, então, segundo Selye, passou a ser a resposta fisiológica, psicológica e comportamental de um indivíduo que procura se adaptar ou se ajustar às solicitações internas ou externas. Essas solicitações, capazes de levar ao stress, são chamadas “Fatores Estressantes” ou “Agentes Estressores”.
Deste modo, o “Fator Estressor” pode ser uma ocorrência, uma situação, uma pessoa ou um objeto capaz de provocar em um indivíduo uma tensão emocional capaz de induzí-lo á reação de stress.
Mas, quais são os fatores que estressam? Muitos, mas podem variar quanto à sua natureza abrangendo desde componentes emocionais, como, por exemplo, a cólera, frustração, ansiedade ou perda, até componentes de origem ambiental biológica e física, como é o caso do ruído excessivo, da poluição, variações extremas de temperatura, problemas de nutrição, sobrecarga de trabalho, etc.
No ser humano esses estímulos costumam ter duas fontes, ou seja, interna e externa. Os estímulos internos tem origem nos conflitos pessoais que, em última instância, refletem sempre a matiz afetiva de cada individualidade, enquanto que os estímulos externos são representados pelas ameaças do cotidiano.
Entretanto, as pessoas jamais tem a mesma “compreensão do mundo”, porque é filtrada pelos conceitos que cada indivídualidade amadureceu em si mesma. Essa percepção pessoal da realidade, que difere de pessoa para pessoa, é chamada procepção da realidade.
Não devemos esquecer, desse modo, que mesmo quando o “real é obvio”, continuará sendo decifrado de acordo com as percepções que cada pessoa desenvolveu, especialmente no que tange a afetividade. Conseqüentemente, devido a estes aspectos, não se pode afirmar que esse ou aquele “evento” é mais estressor do que o outro, porque enquanto uma determinada ocorrência é acentuadamente estressora para alguns, para outros não o é.
Estamos vendo, então, que a percepção pessoal da realidade difere de sujeito para sujeito, uma vez que a interpretação de todo e qualquer “episódios” depende dos fatores que se forjaram em cada individualidade a partir do berço, do meio-ambiente em que viveu, da classe social que freqüentou, do nível de estudos que concluíu e das esperiências pessoais que viveu. Integra não apenas a concepção que se tem das coisas externas, mas também das internas, com ênfase na imagem que cada um tem de si mesmo, influenciada que é pelos seus sentimentos e auto-estima.
A auto-estima, por exemplo, pode ser negativa ou positiva, vez que depende da dosagem de “amor próprio” que cada um tem de si, porque enquanto algumas pessoas se consideram ótimas e são felizes, mesmo tendo o nariz ou orelhas proeminente, outras, por se perceberem péssimas, mesmo se os que se relacionam com elas discordam em número, gênero e grau, são infelizes. Desse modo, a idéia que cada um tem de si pode ser um estímulo agressivo - estressor, portanto - e como tal causar ansiedade e perturbação constante.
É devido a este tipo de “estímulo negativo interno” que a ansiedade de algumas pessoas, por ser imutável, se torna patológica. Enquanto que as ameaças externas, ao contrário, por serem episódicas: perda de emprego, separação, doença, morte de ente querido etc., em tese, deveriam ser mais facilmente superáveis.
Por outro lado, há situações em que o indivíduo deveria se sentir seguro - em termos racionais, claro, no entanto, se o estímulo interno tiver origens emocionais, pode deixá-lo apreensivo, isto é, com temor de ser assaltado, sequestrado ou agredido, embora essa probabilidade na prática seja ínfima. Igualmente, alguns pensam que uma enfermidade, só por ser uma enfermidade, é uma seria ameaça (um poderoso estímulo ameaçador, portanto), enquanto outros na mesma situação nem se preocupam em procurar um médico. Esse estímulo é interno, não externo. Seria externo se houvesse, de fato, sinais de que a saúde está efetivamente abalada. Enquanto houver apenas o receio de ficar doente, permanece sendo uma ameaça interna.
Se alguém, assim sendo, devido ao pessimismo pessoal, sente-se ininterruptamente ameaçado tanto por fatores internos como externos, e ao deitar, prossegue sujeitando-se a estas ameaças, continuando a submeter-se a elas nos dias seguintes, inevitavelmente em pouquíssimo tempo se esgota.
De modo geral, no ser humano, é a afetividade que modula sua percepção do mundo (procepção), e é através dela que interpreta se determinados estímulos são ou não agressivos mesmo sendo de origem externa, portanto materiais. A agressividade destes, entretanto, poderá ou não ser mais ou menos traumatica, dependendo da conotação que lhe é atribuída por cada um.
Destarte, os estímulos ambientais podem se tornar estressores não apenas em função da sua natureza objetiva, mas, sobretudo, de acordo com a avaliação subjetiva que cada um faz deles.
O mesmo pode ser dito em relação aos estímulos internos, em outras palavras, aos conflitos, frustrações, medos, sentimentos de perda, etc. Porque dependendo dos sentimentos e emoções de cada indivíduo, podem redundar em ameaças maiores, menores, ou até em ocorrências naturais.
A existência de conflitos pode ser considerada fisiológica na espécie humana, porque sempre entremeiam a vida das pessoas. Contudo, considerando que o ser humano, diferentemente de seu ancestral, é racional, usufruindo a inteligência que lhe é inata (se esta não tiver sido atrofiada pelo excesso de proteção dos pais ao longo da infância e adolescência [falta de cobrança em relação as responsabilidades, amenizar desafios, satisfazer continuamente seus desejos etc.]), terá como, em qualquer situação, dominando racionalmente a si mesmo, não se tornar uma vítima das tensões. Mesmo porque, diante delas, o sistema que o protege (Homeostase), passa a segregar automaticamente os hormônios que, fortalecendo-o, lhe oferecem o alento para vencê-las.
E assim que, diante de um ou mais estímulos estressores (uma nova paixão; primeiro beijo; emprego muito desejado; competição acirrada; promoção; exames escolares; tempo insuficiente para as tarefas agendadas; trânsito caótico; situação financeira deficitária; perda de emprego; decréscimo súbito de posição social; ameaça a segurança ou integridade física ou emocional da própria pessoa ou de pessoa amada; vida afetiva em desequilíbrio; conflito prolongado; acidente; assalto; seqüestro; estupro; catástrofe natural; enfermidade grave, cirurgia inesperada etc.), o sujeito, sem sem o perceber, está inserido na primeira fase do stress descrita por Selye.
Nesta fase, as reações que o corpo humano apresenta, são: dilatação das pupilas; estímulo do coração (palpitação), a noradrenalina, produzida pelas glândulas supra-renais, acelera os batimentos cardíacos e, aumentando a pressão arterial, facilita a circulação do oxigênio através da corrente sanguínea; a respiração torna-se ofegante e os brônquios se dilatam para receberem uma maior quantidade de oxigênio; ampliação da condição de coagulação do sangue caso aja ferimentos; o fígado libera o açúcar armazenado para que este seja queimado fortalecendo os músculos; redistribuição da reserva sangüínea da pele e das vísceras para os músculos e cérebro; frieza nas mãos e pés; tensão nos músculos; inibição da segregação dos sucos gástricos dificultando a digestão; inibição dos movimentos peristálticos do percurso gastrintestinal e Inibição da produção de saliva que redunda na sensação de boca seca.
Entretanto, quando o homem, usufruindo de seus recursos racionais, logo se sobrepõe ao estímulo estressor, de imediato seu organismo retorna a condição de equilíbrio interior (Homeostase).
Inversamente, se permanece racionalmente inerte, os fatores que o estressam, por se conservarem ativos, em curto espaço de tempo segregam uma tal quantidade de hormônios que o organismo não mais consegue eliminar. Decorrência: levados pela corrente sanguínea, invadem campos celulares e os deterioram. O resultado, como veremos adiante, é aquele que Hans Selye descreve na segunda e terceira fase do stress.

Mas, o estresse tem cura? "Seja mais superficial em sua vida", ensina Robert M. Sapolsky. O acadêmico norte-americano fala em tom de blague e de maneira simples, mas explica: como não há cura para o estresse, embora trabalhe com algumas possibilidades de terapia genética para atenuar os efeitos nocivos deste no cérebro, o negócio é ser ou pensar mais simples. Em outras palavras, como uma zebra.
Como uma zebra? Sim, porque as zebras só se estressam quando, na savana, vêem diante de si um leão. Então, usando todas as forças que possuem, fogem. Só que, uma vez passado o perigo, cessa também o estresse. O problema do homem, explica Sapolsky, é que se estressa mesmo na ausência do “predador”. Esse é o conceito que exibe no seu livro mais conhecido publicado em 1994: "Why Zebras Don't Get Ulcers" (Por Que Zebras Não Têm Úlceras).
Sapolsky, cinquentão extremamente bem-humorado e de certa forma irônico, é um dos poucos ganhadores do Prêmio MacArthur, que consiste em dar US$ 500 mil a uma pessoa, independentemente da área do seu conhecimento, só por julgar que o trabalho que desenvolveu justifica o investimento.
O trabalho de Sapolsky, coincidentemente, foi uma pesquisa que o levou a seguir por dez anos, na África, um grupo de babuínos. Seu interesse era conhecer a relação entre o excesso de stress e a morte dos neurônios de seus cérebros. O resumo dos conhecimentos que adquiriu redundou no seu livro "Memórias de um Primata", leitura aconselhada aos estressados bem como aos que se deleitam com relatos de memórias e descrições de viagens.
Mais de 20 anos depois, sua pesquisa ainda não é conclusiva, mas aponta para direções interessantes.
Sapolsky é professor de neurociências da Universidade Stanford, Califórnia, EUA, e assim se manifestou durante a entrevista que concedeu ao “Jornal Folha” que reproduzimos parcialmente.

Folha - Por que, afinal, as zebras não têm úlceras?
Sapolsky - Porque elas só se estressam no momento "certo", quero dizer, só quando há um perigo real e iminente -geralmente, um leão tentando devorá-las. No segundo anterior, e no seguinte à ameaça representada pelo leão, elas estão ou voltam ao seu estado normal. Os babuínos não são assim - nem nós, simplificando enormemente o trabalho de minha vida inteira.

Folha - Por que não?
Sapolsky - No nosso caso, porque somos inteligentes o suficiente para pensar nas situações estressantes, as antecipámos, as antecipámos em muito em relação ao momento em que elas realmente podem acontecer, se é que vão verdadeiramente acontecer. São antecipadas neuroticamente mesmo se elas podem não acontecer de verdade, tão somente porque houve uma experiência traumática anterior. O homem gosta de reviver e retornar a reviver ainda inúmeras vezes os sofrimentos mais marcantes...

Folha - Como isso nos afeta?
Sapolsky - Além do que já se sabe, pode, penso eu, "matar" neurônios importantes do nosso cérebro ao longo do tempo, neurônios particularmente sensíveis à ação prolongada dos hormônios produzidos pela glândula supra-renal, como a adrenalina, por exemplo. Pelo menos isso acontece com os babuínos.
Folha - E há "cura"? Ou pelo menos uma maneira de evitar ou atenuar essa situação?Sapolsky - No caso da morte dos neurônios, penso que existem maneiras de protegê-los, via terapias genéticas, uma vez identificadas às células do cérebro que vão sofrer com o excesso de estresse. No caso dos humanos, temos de ser mais superficiais.Por "mais superficiais" eu quero dizer menos cerebrais. Conseguimos isso, paradoxalmente, sendo mais cerebrais. Explico. Se você conseguir raciocinar científica e constantemente, conseguirá discernir se o que o está estressando é uma realidade, digamos física, ou apenas psicossocial. Se for física, estresse-se à vontade. Mas se for psicossocial, esqueça. Porque é simples e muito possível fazê-lo.
Folha – O Sr. pode explicar?
Sapolsky - Hoje em dia é quase universalmente aceito que o stress tem um papel importante no enrijecimento de nossas artérias e no aumento da nossa pressão sangüínea. Na época em que iniciei minha pesquisa, entretanto, havia apenas uma percepção de que estes dois acontecimentos podiam ter uma relação. Havia os militantes radicais que afirmavam que o stress provoca essas doenças e ponto final. Hoje, concluímos que essa relação causa-efeito pode acontecer, mas não obrigatoriamente. É mais provável que o stress aumente acentuadamente o impacto de outros fatores de risco e piore os casos já estabelecidos. Já os céticos achavam que:
1) O estresse não tinha nada a ver com isso.
2) Sim, tinha a ver, mas com um papel secundário.
3) Tinha a ver, mas exclusivamente nos indivíduos com predisposição ao stress.
Para estes, por exemplo, as pessoas estressadas comem mais carboidrato. A mudança de pensamento ocorreu devido ao acúmulo de provas científicas demonstrando como você parte do "stress" (esse grande, confuso e indefinido conceito) para a biologia celular e molecular da doença.

Folha - Uma vez identificada a biologia celular e molecular da doença, qual a sua conclusão?
Sapolsky - O aspecto psicossocial é o principal detonador do estresse. Ele tem mais a ver com a sociedade em que ocorre e com o papel do indivíduo nessa sociedade. Por exemplo: um homem na crise de meia idade não é mais estressado porque bebe mais álcool, fuma mais cigarros e come mais gordura?

Folha – O Sr. é estressado?
Sapolsky - Sou absurdamente estressado. Trabalho demais, durmo pouco, tenho filhos pequenos... Mas o que me impede de ser mais é que eu adoro meu trabalho, sou desesperadamente apaixonado pela minha família e me exercito com freqüência...
Depois desse relato, perguntamos: quem hoje, apesar dos inúmeros manuais de auto-ajuda, do esclarecimento proporcionado pelos psicoterapeutas, psiquiatras, médicos etc., sabe gerenciar adequadamente sua vida a ponto de, mesmo enfrentando o ritmo cada vez mais frenético, continuar gozando plena saúde? Poucos, mesmo se os tranqüilizantes e antidepressivos são os fármacos mais vendidos no mundo.
Enquanto isso, como acabamos de ver, a medicina reconhece que muitas enfermidades, incluindo as que colocam a vida em risco, são agravadas ou literalmente provocadas por aqueles estágios mais avançados do stress.
Sim, para aqueles que preferem enfrentar a realidade, quer dizer, que não se comportam como a avestruz, que para se afastar dela enfia sua pequena cabeça em um buraco no solo (por não ser racional não entende que de qualquer maneira permanece à mercê dos eventos), a literatura médica a respeito da correlação stress enfermidades é vastíssima. É dela que devemos extrair os conhecimentos para entender os mecanismos que causam o stress para combaté-los.
Infelizmente, teimosos, muitos continuam não assumindo as tensões que acumulam até aquele momento em que, por ser tardio, dificilmente é superado sem deixar seqüelas. Teimosos, porque mesmo quando seus corpos insistentemente enviam sinais, iludindo-se, julgam que podem se manter incólumes mesmo quando ao redor seus semelhantes naufragam. Para isso, recorrem aos fármacos com ou sem receita médica para se acalmar, dormir melhor, restaurar a libido, amenizar a dor de cabeça, facilitar a digestão, aliviar a queimação do estômago, mitigar dores articulares, combater suores, manter a pressão estável, evitar idéias negativas, ter medo do futuro e assim por diante.
A este respeito, para esclarecermos o grave mal da automedicação, evidenciando-o através de uma pesquisa médica, recorreremos á um trecho da reportagem que a revista Veja publicou no dia 15 se novembro de 2006.

Urticária, inchaço, falta de ar, náusea, dor abdominal. Esses são os sintomas mais comuns das crises graves de alergia – distúrbio que, no jargão medico, tem o nome de anafilaxia. Em alguns casos, esses ataques são tão violentos que podem levar à morte por asfixia ou por parada cardíaca. Estima-se que 250.00 brasileiros estejam sob o risco de sofrer uma reação alérgica intensa, o que representa cerca de 0,5% dos 55 milhões de vítimas de alergia no país. A maioria desses episódios potencialmente fatais revela uma pesquisa da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, é deflagrada por remédios de uso corriqueiro, sobretudo analgésicos, antiinflamatórios e antibióticos. O dado é especialmente preocupante num país como o Brasil, onde a automedicação é um hábito cultivado por 60% da população. No segundo lugar do ranking dos causadores de alergias graves estão os alimentos, seguidos pelas picadas de insetos.
A alergia tem um componente genético. Ela resulta de uma interpretação equivocada e exagerada do sistema imunológico diante de uma substância estranha ao organismo que normalmente não causaria nenhum mal – tanto pode ser um ácaro quanto um camarão frito. O sistema imunológico entra, então, em alerta e inicia o ataque contra o suposto inimigo. O processo é deflagrado em menos de um minuto e atinge seu ápice na primeira meia hora. “Identificar as causas de uma reação alérgica é fundamental porque, em geral, as crises tendem a se agravar nos contatos posteriores com o seu agente deflagrador”, diz o médico Luiz Antonio Bernd, um dos coordenadores do estudo. Por isso, não se deve negligenciar nenhuma reação alérgica, ainda que seja branda. Nos pronto-socorro de referência das grandes cidades brasileiras, três pessoas, em média, são atendidas diariamente vítimas de uma crise aguda de alergia.

Ninguém se da conta que ao invés disso bastaria buscar a causa dos transtornos e aprender lidar com ela, ao invés de continuar combatendo seus efeitos em vão. A maioria destes indivíduos, no entanto, quando percebe que uma mancha de umidade se alastra em uma das paredes de casa, não tentam resolver o problema com uma mão de tinta - porque sabem que em brevíssimo tempo a mancha voltaria a aparecer.
Sim, para evitar que o problema se reapresente ocorre procurar a causa e eliminá-la. É um conceito elementar, mas como nos mantemos cegos à realidade, porque permanentemente sucumbimos diante de nossas manias, acabamos nos distanciando das verdadeiras regras que determinam a qualidade de vida.
Cegos, porque sem nos cientificarmos disso, vivemos no cerne de um redemoinho que, devido à força centrifuga que gera, não nos permite sair. Sim, continuamos a afirmar para nos mesmos: depois que conseguir um emprego firme, depois das provas, depois que me formar, depois das férias, depois de obter um emprego melhor, logo que terminar de pagar o carro, o apartamento etc. Consequencia: por deixamos em segundo plano nossa saúde, corremos o risco de um dia, repentinamente, termos que ser internados em um hospital.

(6)- A ANGÚSTIA



A angústia é um sentimento de ansiedade e apreensão cujo termo originalmente foi empregado por Soren Kierkegaard, filosofo e teólogo dinamarquês (1813-1855), na sua obra “Conceitos de Angústia”.
Nela, ele identifica a angústia como condição preliminar da essência humana, condição essa que emergiria sempre que o homem se encontra diante de uma escolha. Destarte, frente à infinidade delas, inúmeras vezes ele se torna refém da angústia por estar ciente que, para cada possibilidade de acerto, há centenas de chances de não acertar. Para este filosofo a angústia estaria ligada a noção de que, diante de qualquer evento que exige uma decisão, como há sempre a possibilidade de errar, este erro pode trazer como conseqüência fatos ou situações que não deseja. Penúria, sofrimento, queda de status etc.
Diferentemente do animal, que por ser desprovido de uma inteligência maior, na medida do razoável, vez que é incapaz de desenvolver expectativa, tem sua sobrevivência garantida por seus instintos, o homem, mesmo se dotado de razão, é abandonado a si mesmo. Isto é, cabe a ele, e tão somente a ele, decidir o que fazer diante dos eventos que permeiam sua vida, tendo como antecipadamente projetar que, se erra, pode ser forçado a enfrentar conseqüências perigosas ou até lesivas à sua existência. Assim sendo, pelo fato de que cada um participa da mesma condição diante do ato de escolher, a angústia é necessariamente um fundamento inalienável da existência humana.
Atualmente a tendência é definir a angústia como uma noção de frustração e mal-estar, um sofrimento psicológico que pode degenerar em diversas patologias.
A ansiedade, entretanto, mesmo se é considerada sinônimo da angústia, é caracterizada por uma sensação de medo, conseqüentemente insegurança, não ligada a nenhum simbolismo específico. Distingue-se do medo, assim como este é entendido, pelo fato de não ser especifica, indefinida ou derivada de um conflito anterior, e sua sinalização somática é uma hiper-atividade do sistema nervoso autônomo.
A ansiedade, ainda, pode ser definida como uma complexa combinação de emoções negativas que incluem o medo, à apreensão e preocupação, e na maioria das vezes é acompanhada por disfunções físicas como a taquicardia, pressão no peito, respiração ofegante, náusea ou tremores internos.
Pode provocar, ainda, além de outros problemas médicos ou psiquiátricos, distúrbios cerebrais primários como o estreitamento de vasos que, mesmo manifestando-se por dores de cabeça, em verdade, por delimitarem o fluxo do sangue, se responsabilizam por mini-derrames (espasmos cerebrais) como aquele que se manifesta quando a boca fica oblíqua com o sem formigamento ou a paralisia de uma face.
A ansiedade, aparentemente (Seligman, Walker & Rosenhan, 2001) contém um componente cognitivo, um somático, um emocional e outro comportamental.
O componente cognitivo seria acionado quando o indivíduo passa a temer que suas expectativas em relação ao futuro não se realizem porque diante de si há a possibilidade de enfrentar dificuldades financeiras, de status, bem-estar social, solidão ou saúde. Enfim, quando se acobarda diante de um perigo difuso e incerto, ou seja, que naquele momento não existe.
Este receio, contudo, deveria se restringir àqueles que, por terem enfrentado situações que consideram humilhantes no passado, por não confiarem em si mesmos, temem que se repitam (o fator insegurança tão explorado pelos psicólogos). Entretanto, este temor é manifesto também pelos que sempre foram bem sucedidos, desde que, nos anos, não tenham conseguido amealhar um patrimônio que lhe garanta a manutenção do seu status até que seja necessário.
Há autores, considerando estes aspectos, que afirmam que a ansiedade é um componente da dinâmica existencial da era moderna: sociedade industrial, competitividade, consumismo desenfreado e assim por diante. Dizem que a simples participação do indivíduo na sociedade contemporânea já preenche, por si só, o requisito suficiente para o surgimento da ansiedade. Por conseguinte, para eles, viver ansiosamente é a condição do homem moderno ou um destino ao qual, de alguma maneira, todos estamos atrelados.
Do ponto de vista somático (segundo o paradigma cartesiano, claro, aquele enfoque mecanicista que transforma o homem em máquina) o corpo, por meio da homoestase, prepara o organismo para enfrentar a ameaça (reação de emergência): a pressão do sangue e a freqüência cardíaca aumentam, aumenta a sudoração assim como o fluxo sanguíneo rumo aos mais importantes grupos musculares. Em contra partida, devido á prioridade momentaneamente atribuída ao fluxo sanguíneo, o sistema imunológico bem como o digestivo perdem eficiência. Está explicado, agora, porque a maioria dos angustiados (estressados) não fazendo a digestão, sofrem de dores crônicas a grande maioria das vezes ocasionadas por gases.
Enquanto isso, externamente, os sinais somáticos da ansiedade podem incluir a palidez, suor, tremor e dilatação das pupilas.
Do ponto de vista emocional, a ansiedade causa a percepção de medo, pânico, náuseas, suores e calafrios. Enquanto que do comportamental podem se esperar procedimentos voluntários como involuntários dirigidos à fuga ou destinados a evitar a fonte de ansiedade.

(5)- TÉCNICAS PARA DRIBLAR O STRESS



Quando asseveramos que o único jeito de “driblar o stress” é acolher os eventos adversos do mesmo modo que o são os aprazíveis, isto é, gerenciando as emoções que lhe são pertinentes, queremos dizer que, ou nos disciplinamos para agir assim, ou todas às vezes que tivermos que nos defrontar com “alguma coisa ou situação” que pelos padrões que desenvolvemos “não é aceitável”, o choque emocional correspondente - além de “provocar um apagão na acuidade que nos é natural” (desarmonia da psique com as conseqüentes bizarrices próprias dos estressados), neutraliza os defensores do organismo (glóbulos brancos), favorecendo dessa maneira a proliferação dos agressores que sempre estão a espreita: bactérias, vírus etc.
Jamais se deve abrir mão de gerenciar racionalmente as emoções, sejam elas despertadas por eventos felizes ou infelizes, porque em ambos os casos a penalização é a desdita.
Ganhar 50 milhões na mega sena, por exemplo, e em seguida começar o dispêndio guiado tão somente pelos anseios retidos, isto é, sem planejar o que se deseja de fato, profissionalizando-se, quando é o caso, antes de começar a exercer a atividade escolhida, significa, como infelizmente é averiguado, perder em poucos anos os cinqüenta milhões recebidos. Por outro lado, enquanto a não administração do período pós-desemprego, por exemplo, pode até transformar um executivo em um dependente alcoólico, impedindo-o, por esse motivo, de ser reconduzido ao mesmo cargo em outra empresa, um planejamento ótimal das atividades que devem ser desenvolvidas nesta fase, pode levar o gerente demitido a exercer uma função de maior relevância em outra organização.
Aceitação ou resignação estóica são conceituações que as classes que se julgam eruditas ridicularizam, por entenderem que se referem a uma capitulação final e irrestrita. Entretanto, diante da morte, por exemplo, ou de muitos outros casos semelhante aos mencionados, ser estóico equivale a não se estressar mesmo diante das circunstancias mais agressivas que vez ou outra embaraçam a existência.
Aceitar uma derrota em “qualquer campo de batalha” pode ser uma inigualável estratégia para auferir do tempo necessário para se preparar para “ganhar a guerra”. Quantas vezes o perdedor de ontem é o vencedor do amanhã?
Resignar-se tem o mesmo significado, visto que é freqüentemente inteligível recorrer a esta pratica quando “a situação que for” naquele momento é invencível, é tanto ruim como imutável, ou ainda quando o “preço da mudança” é impagável.
Em tratamentos psicoterapeuticos, no entanto, o contrário é possível, porque para que a terapia tenha sucesso, pode ser necessário que o paciente tenha que aceitar circunstâncias ou atitudes pessoais que repudia, sejam elas quais forem. Ao mesmo tempo, o psicoterapeuta pode exigir do paciente a diminuição da sua resignação em relação a certos aspectos, se considera que é tolerante ou submisso demais em relação a eles.
Noções de aceitação são proeminentes em muitas religiões, especialmente as cristãs. Os Hinduístas e Budistas, por exemplo, convidam a aceitar o sofrimento como parte integrante da vida, porque sofrer é sinônimo de espiar os desacertos das vidas passadas.
A mesma coisa é ensinada pelo Kardecismo, sendo que este afiança, ainda, que o planeta Terra (conseqüentemente todos os que nele habitam), se encontra no seu segundo ciclo, a fase de expiações e provas, aguardando o fim do III milênio para evoluir para o terceiro período que é o de regeneração. Uma nova etapa, considerando que neste orbe só permanecerão aqueles que o merecerem, em outras palavras, que tiverem se esforçado para crescer moral e espiritualmente como a fase de regeneração requer. Este novo “clima”, em relação ao atual, não incluirá as penúrias hoje existentes.
As três doutrinas dizem textualmente que o homem não se deve “revoltar” diante das agruras que permeiam sua vida, porque estas são ditadas pelas obras que foram praticadas ao longo das vidas passadas. Entendamos, não pregam que as “agruras devam ser aceitas resignadamente porque fazem parte do destino que é imutável”. Ao contrário, esclarecem que diante destas o homem não deve se revoltar, amargurar ou perturbar, porque se assim fizer perde sua capacidade de continuar racional, de usar sua inteligência para, continuando a fazer da melhor forma possível sua parte, se manter habilitado a percorrer os caminhos disponíveis para atingir suas metas. Veremos posteriormente que estes conceitos também eram defendidos pelos Estóicos. Sêneca, por exemplo.
O que isso tudo tem a ver com o stress? Vamos, então, ao caso daquela senhora que, vendo o filho perder a visão gritou: “não aceito que meu filho fique cego”. Seu brado foi o reflexo de seus instintos, como sabemos, os primeiros movimentos que impulsionam homens e animais em seus procedimentos. Uma ação automática e irrefletida - irracional, portanto, na qual o homem que é dotado da razão, abdica integralmente dela para se comportar como faz seu primo o chimpanzé.
Mesmo assim, as atividades que escoltaram o “não aceito” dessa mãe foram assaz louváveis, porque mesmo perturbada arregaçou as mangas e com seu esforço superou obstáculos e realizou coisas que até então nenhuma outra mãe, diante de enunciado idêntico, havia conseguido. Sua perturbação, entretanto, conseqüência do embargo psíquico, a prejudicou e continua prejudicando-a de múltiplas formas.
O que desejamos deixar claro é que o ser humano, por ainda não ter entendido que as emoções, se não controladas, abalam sua mente (psique), e que este abalo, se duradouro, acaba por afetar, às vezes até irreversivelmente os órgãos do soma (enfermidades psicossomáticas), toda vez que é contrafeito, ao invés de preservar a racionalidade, que lhe permitiria enfrentar e superar as dificuldades que o atingem, não o faz, e assim procedendo, adoece e até morre.
Todos já ouviram histórias como “Fulano envelheceu depois da morte do filho” ou “Sicrano ficou de cabelos brancos quando cuidou do pai no hospital”. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia, em São Francisco, nos Estados Unidos, acaba de demonstrar que há verdade por trás destes clichês. O estudo comprova pela primeira vez que o stress acelera o envelhecimento. Além disso, a pesquisa indica a influência direta do estado psicológico sobre a longevidade das células do organismo. Pessoas que tem uma percepção elevada do próprio stress envelhecem mais rapidamente. “Existem certas formas de” pensar “que contribuem para o stress – a idéia, por exemplo, de que os problemas com que lidamos são insolúveis”, diz a psicóloga Elissa Epel, uma das coordenadoras do estudo.
Elissa e sua equipe examinaram 58 mães de 20 a 50 anos, 39 das quais cuidavam de filhos com autismo, paralisia cerebral ou outras deficiências. Os cientistas analisaram o grau de “envelhecimento de células do sistema imunológico” dessas mulheres. O principal indicador do envelhecimento celular é uma seção na ponta do cromossomo – as fitas de DNA que guardam nosso material genético – chamada telômero.
Trata-se de uma espécie de tampa bioquímica, que tem a função de manter a integridade de DNA, impedindo que a molécula se desfaça. Cada vez que uma célula se divide o telômero fica um pouco menor, até atingir um ponto crítico. A partir daí, a célula não se reproduz mais e acaba morrendo. O telômero, portanto, é um indicador de idade celular. Ao mostrar que o stress encurta prematuramente os telômeros, a pesquisa indicou uma relação entre ele e o envelhecimento.
A pesquisa comprovou que o desgaste de prestar cuidados intensivos a um filho cobra seu preço. A diminuição dos telômeros foi mais acelerada nas mulheres que cuidavam de filhos deficientes. Testes psicológicos revelaram que o modo como essas mulheres encaravam seus problemas também desempenhava um papel. A idade celular daquelas que se percebiam como tendo altos níveis de stress chegou a ser dez anos superior a das mulheres da mesma idade com baixos níveis de stress.
Além do comprimento do telômero, a pesquisa mediu níveis de telomerase – uma enzima que tem a função de restaurar as perdas do telômero – e de radicais livres, substâncias que danificam tecidos celulares, intensificando o envelhecimento. Os resultados foram consistentes: mulheres mais estressadas apresentaram níveis mais baixos de telomerase e mais altos de radicais livres. A pesquisa deixa uma lição básica: paz de espírito ajuda a retardar a velhice. “Muitos gostariam de ter uma pílula mágica, mas o modo mais efetivo de reduzir o stress está em mudanças no estilo de vida”, diz Elissa Epel. A pesquisadora recomenda relaxamento e alimentação equilibrada para combater o stress. E uma atitude mais serena diante de aspectos da vida sobre os quais não se tem controle.
A psique, de acordo com os dicionários, é a alma, o espírito ou ainda o inconsciente. Exatamente onde, devido aos desequilíbrios emocionas, se dá a ruptura, em outras palavras, o momento em que a “capacidade de resistir” é suplantada pelo “peso” representado pelos eventos indesejados.
Mesmo se essa relação difere de indivíduo para indivíduo, porque enquanto alguns possuem uma capacidade de resistência maior, outros cedem diante de pesos menores, o resultado é sempre o mesmo. Dá-se a ruptura, a pessoa perde o controle sobre si mesma e depois disso, por deixar de ser coerente, se torna uma pessoa difícil, irascível, de pavio curto, permanentemente em estado de guerra com tudo e todos. Além disso, repetindo, nesse estado, sem defesa porque seu sistema imunológico se tornou precário, passa a ser um alvo fácil para a maioria das enfermidades.
Sigmund Freud (1856-1939), o pai da psicanálise, em seus tratados já dizia que o homem, em certas circunstâncias, gostaria de poder retornar ao útero materno para se proteger. E que, quando finalmente acreditava que havia aprendido a lidar com elas, isso só era exeqüível porque do consciente haviam migrado para aquele vasto e obscuro oceano chamado inconsciente ao sabor do qual o homem faz suas escolhas e leva a vida. Acrescentava, ainda, que o homem por si só não estava capacitado a “cuidar” das angústias que habitam seu inconsciente, criando, desse modo, a necessidade do psicanalista.
Foi Hans Selye, psiquiatra canadense e grande estudioso do assunto, que começou a utilizar o termo stress nas questões humanas, chamando o conjunto de ações necessárias para ampliar a capacidade de resistência ”Síndrome Geral de Adaptação ao Estresse”.
Dizia que o stress era uma reação neuroendócrina / metabólica / motora do corpo, diante de situações que, por não se estar acostumado a enfrentar, exigem uma adaptação. Analogicamente, seria como pedir a um sedentário que erguesse e carregasse um saco de cem quilos por 100 metros. Não conseguiria, ou na melhor das hipóteses o arrastaria alguns centímetros. Entretanto, se antes de fazê-lo ampliasse sua capacidade muscular através de treinamento específico, erguer e deslocar 100 quilos se tornaria uma brincadeira. O stress, então, segundo este psiquiatra, só se manifesta se não houver uma adaptação. Neste caso temos:
· O stress positivo, que é representado pelo nível de ansiedade e expectativa que prepara o indivíduo para enfrentar os desafios da vida moderna.
· O stress negativo, aquele que é vivido como se fosse uma agressão física ou psíquica, que produz um nível de tensão acima daquela que o individuo está habituado a suportar.
Muitas daquelas situações onde a pessoa “se sente em perigo” são fontes externas de stress, mas existem também as internas, que tem origem nos perigos que o indivíduo “imagina” que corre, que resultam da sua história pessoal ou da sua maneira de se relacionar com o mundo.
O stress se manifesta através de vários sintomas: insônia, sensação de fraqueza constante, enxaquecas, depressão, falta de interesse – inclusive o sexual - erupções cutâneas de tipo alérgico, suores, crises de desespero e choro. Falta de ar, boca seca, respiração ofegante, ataques agudos de ansiedade, impossibilidade de concentração, perda do bom humor, falta de apetite, ou, ao contrário, voracidade incontrolável e por fim a deterioração das relações afetivas com quem quer que seja.
Homero, o poeta épico grego, mesmo sem o saber, na sua obra Ilíada (1,101-104), descreveu magistralmente as mudanças que ocorrem no corpo de Agamenon em um momento de ira intensa (stress): “Elevou-se entre eles o herói, filho de Etreu, o muito potentado Agamenon, em fúria, olhos inchados e vermelhos, que pareciam arremessar fogo”.
A ciência explica esta alteração da seguinte forma: Sob o estímulo de perturbações externas, o hipotálamo libera o CRH (Corticotropin Releasing Hormone) e endorfínas. O CRH estimula a hipófise (uma glândula do cérebro), e esta segrega o hormônio adrenocorticotropico (ACTH) que por sua vez estimula a secreção do cortisol (o hormônio do stress), no córtex adrenal.

O stress patológico divide-se em fases:
· Na primeira fase a hipertensão se manifesta pelo meio de um persistente estado de “alarme”, acompanhado por uma permanente sensação de perigo que faz com que o indivíduo se mantenha sempre na defensiva e pronto para agredir, situação esta que obriga o organismo a utilizar grande parte das suas energias.
· Na segunda fase constata-se um agravamento dos sintomas, e o estado de “alarme” é substituído por um estado de “guerra” contra tudo e todos.
· Na terceira fase, sob o efeito do adrenocorticotropico, ou ACHT, um hormônio da família das endorfínas que é segregado em situações de stress, por não existir mais controle, o organismo passa a se desgastar por completo.

quarta-feira, 4 de março de 2009

(4)- MEDICINA PSICOSSOMÁTICA

É ainda habitual, em alguns ambientes científicos, acreditar que as enfermidades podem ser classificadas em duas categorias, isto é, por um lado as enfermidades chamadas “funcionais”, provocadas por distúrbios de uma ou mais funções que asseguram á saúde, como as respiratórias, cardiovasculares, digestivas, motoras etc., sem que aja traços de lesões nos órgãos envolvidos, e do outro as chamadas “orgânicas”, normalmente graves em suas manifestações e conseqüências, que afetam os pulmões, coração, fígado, estomago, rins e outros. Esta conceituação, entretanto, não somente é perigosa, mas falsa, porque o trabalho de um número cada vez mais expressivos de pesquisadores vem demonstrado que a alma (corpo mental), além de pré-existir, transmigra de um corpo para outro.
Mas ha outras pesquisas que, mesmo processadas no interior do espaço circunscrito pelo paradigma da medicina, demonstram que o homem é um ser psicossomático, visto que são corriqueiros os fenômenos psicológicos nos quais, mesmo uma ligeira emoção de alegria ou medo se repercute no organismo causando taquicardia, falta de ar, pequenos distúrbios orgânicos e, alterando o humor, provocam graus diferentes de irritabilidade. Sem esquecer que tensões maiores podem se responsabilizar pela eclosão de enfermidades que vão da ulcera gástrica a acidentes cardiovasculares após passar pela hipertensão,.
A medicina psicossomática é, então, o único meio de ver os enfermos na sua interinidade e, sobretudo, de permitir a compreensão do que neles está acontecendo. Contrapondo-se, desse modo, as teorias impostas pelo paradigma cartesiano que, impulsionando a física, a química e a biologia, cria a idéia de que o corpo, por ser meramente material, é explorável pela fisiologia e anatomia. Nesse conceito, pragmático por excelência, a doença e da dor por serem fenômenos físicos, merecem intervenção direta porque são passivei de correção.
Em verdade Descartes, filósofo, matemático e físico francês (1596-1650), através da sua física mecanicista e anímais-máquinas, impulsionou o desenvolvimento de um modelo biomédico positivista, isto é, que entende o corpo como um conjunto físico de sistemas relacionados e relativamente independentes.
Este modelo se baseia na pesquisa em fisiologia experimental, ou seja, na busca de padrões constituídos por lesões anatomo-fisiológicas para as doenças. O foco, então, passa a ser a anormalidade biológica, a taxionomia, os aspectos universais da patologia.
A clínica médica, assim, expõe o corpo que, para ser pesquisado, deve ser aberto para procurar as causas físicas dos males e dos sofrimentos que apresenta.
Neste viés a psiquiatria toma a loucura como uma desordem que também deve ser tratada como entidade nosológica (descrição das doenças), passando a buscar causas orgânicas a partir de uma descrição sintomatológica. Por este motivo a loucura é transformada em doença mental e, de tal modo, passível de controle médico.
Nesse modelo, ainda, entende-se a psicologia como ciência positiva, a qual toma a consciência como objeto de estudo, que deve ser investigada como fato registrável nos mesmos moldes das ciências fisiológicas. (fisiologia, ciência que trata das funções orgânicas)
Assim temos a reflexologia de Pavlov, a psicologia experimental de Wundt e o behaviorismo de Watson. Talvez até a psicanálise de Fred tenha seguido uma concepção mecanicista, porque tomou o inconsciente como objeto de investigação do analista, e entendeu as chamadas pulsões inconscientes como determinantes de sintomas somáticos, isto é, as chamadas doenças psicossomáticas.
Entretanto a questão da psicossomática é outra e, mesmo se a perspectiva fenomenológico-existencial de Martin Heidegger (2001) ainda peca aos olhos da medicina holística, está muito mais perto da verdade.
Para ele, o homem não está neste mundo como as demais coisas e por isso não pode ser investigado e explicado da mesma maneira que o são os objetos. O homem, por não entender porque está neste mundo, interroga-se constantemente, mas, mesmo assim, é ele que, do alto de seu pedestal porque se julga racional, ou do método científico que utiliza, quem decide o que é acertado ou não. É assim que, quando não alcança o sucesso desejado na ação que adotou, o malogro quase sempre se transforma em um trauma de consciência, não em uma ferida em órgãos físicos.
Para Heidegger, existe um abismo entre a metodologia quantitativa aplicada nas ciências físicas e a compreensão do homem. As ciências naturais não alcançam o “ser-homem” em sua totalidade, mas apenas como objeto, como mais algo presente na natureza. O método das ciências naturais não pode se aplicar ao humano por ser incompatível com a noção de singularidade.
Assim, na acepção heideggeriana, o homem é aquele ser que está presente no mundo de forma peculiar. Ele é aberto para sua própria experiência de existir, ele tem autoconsciência, ele temporaliza, tem noção de que vive, mas desconhece o que irá acontecer com ele, daí parte das suas angústias.
Assim podemos entender melhor que, existencialmente, o fenômeno humano, em sua totalidade, não pode ser apreendido estatisticamente. Mensurar o ser humano significa descaracterizá-lo.
Como diz o psiquiatra Medard Boss (1997), aluno de Heidegger, o fenômeno corpóreo das lágrimas de uma pessoa enlutada está intimamente ligado ao fenômeno do sentimento de perda e saudade, assim como o rubor da face está relacionado aos atos destrutivos de uma pessoa com raiva, o corpo contraído e os olhos arregalados se referem ao medo. Entretanto, as lágrimas de um enlutado podem ser avaliadas em seus aspectos químicos, não na sua intimidades, porque a este nível se diferem, ou seja, as que são causadas por tristeza não serão jamais iguais as que afloram da alegria, assim como o rubor da vergonha não é o mesmo que é provocado pela febre.
Conseqüentemente, do ponto de vista da fenomenologia existencial, a tentativa científica de mensuração de estados emocionais já transgride o sentido da própria emoção. Uma emoção só pode ser compreendida na abertura de seu instante.
Para Heidegger a questão não está em pensar o psíquico e o somático, nem tampouco as possibilidades de integração ou articulação destas duas dimensões, tal como o fez a psicossomática nos moldes psicanalíticos, a qual fala de representações psíquicas no corpo (somatizações).
Este filósofo, antes disso fala da necessidade de um modo próprio de aproximação do humano que possibilite vislumbrá-lo em sua complexidade e não como soma e psique. Segundo ele, o modelo cartesiano aplicado ao homem divide, separa e empobrece o homem em sua humanidade.
Entretanto, como afirma Boss, os fenômenos somáticos e psíquicos se diferenciam, não podem ser tomados como iguais, mas em sua diferenciação devem ser compreendidos quando remetidos a sua realidade comum. Assim, como só podemos perceber o verde e o vermelho em sua distinção e peculiaridade quando sabemos que ambos se referem ao fenômeno da cor, da mesma forma, só podemos compreender o psíquico e o somático referidos ao homem se entendermos que são dois modos diferentes pelos quais se dá o acontecimento da existência humana.
O homem, na visão de Heidegger, não pode ser definido como uma coisa ou outra, ou mesmo como um agrupamento de partes orgânicas ou psíquicas, mas em seu sentido maior de abertura ao mundo.
A natureza das ciências físicas e a previsibilidade para a posse e dominação dos processos naturais, como se pode constatar na parte final da obra de Descartes “Discurso do Método”, na qual afirma que devemos nos tornar mestres e donos da natureza, permanece e continuará permanecendo muito distante da capacidade da compreensão humana. Por isso, o tema da objetividade que é o traço fundamental do método mecanicista, para Heidegger não pode ser aplicado ao homem. Para ele a metodologia das ciências físicas tem um limite, e o não entendimento deste limite despenca no equivoco do cientificismo e dos discursos de poder sobre o homem.
Tanto para Martin Heidegger quanto para Medard Boss, é necessária uma ótica que permita compreender o homem em sua complexidade e inteireza. Não separando para depois agrupar, mas uma metodologia que desde o início contemple o ser-homem como efetivamente é a sua existência no mundo.
Como se desenvolve, então, a enfermidade psicossomática? A causa tem que ser imputada a conflitos profundos, como vimos até com raízes em vidas precedentes. A enfermidade, por conseqüência, é a somatização dos conflitos mal ou não resolvidos - quando conscientes, ou não entendidos porque, por terem acontecidos em encarnações anteriores, desestabilizam o corpo mental sem que a consciência se de conta disso (é o caso da Beverly, aquela moça que em seus sonhos se via jogada dentro de uma fogueira onde morria). Desse modo, ela se desenvolve lentamente, inicialmente no corpo mental sob a pressão de um fator estressante, como uma grande frustração (desilusão ou desprazer por não conseguir que as expectativas se realizem, em outras palavras, conseguir ter ou manter algo para o qual havia se gasto muito esforço), ou uma dor afetiva fruto do ambiente onde o indivíduo vive, para depois eclodir no corpo físico.
Esta manifestação se estrutura substancialmente em quatro fases: no inicio há um mal-estar psicológico, depois um bloqueio funcional seguido por uma alteração celular que finalmente se transforma em uma lesão anatômica.
Nestes casos, tratar o corpo físico é cuidar do efeito, não da causa, porque esta reside na psique.
Os distúrbios psicossomáticos mais freqüentes, e os mais claramente vinculados com a “vida psicológica” do indivíduo, são aqueles do aparelho digestivo, do aparelho cardiocirculatório e aparelho sexual.
Considerando o rol primário que o aparelho digestivo desenvolve nas varias fases do desenvolvimento do ser humano (relação mãe-filho através da função nutritiva), fica claro que pode ser responsabilizado por uma série notável de significados de natureza biológica, psicológica e social, e como cada um destes significados possa de uma forma ou de outra interagir na gênese dos distúrbios de origem psicossomática do aparelho digestivo. Estes distúrbios, efetivamente, sinalizam a seu modo as nossas dificuldades de assimilar os elementos evolutivos da vida (idéias novas, mudanças radicais etc.), por exemplo.
Através do estômago, o homem pode exprimir as problemáticas que não foram “digeridas” como, por exemplo, idéias ou situações que contrariam interesses, julgadas injustas e que por isso fazem mal (má digestão, estomago inchado, espasmo muscular etc.), ou então que deixam o indivíduo enfurecido (queimação). No vomito, ainda, é simbolizada a rejeição a uma situação difícil, para muito intolerável, como é o caso de alguns estudantes que antes ou durantes os exames sofrem deste mal, para depois, superada esta fase, desaparecer por completo.
A dor pode estar falando de uma luta interior, isto é, por um lado há a tendência de ir adiante, ou seja, de agir, e do outro, ao invés disso, existe uma resistência interior contraposta muito forte que torna ineficaz a nossa forma agressiva de ser. Desse modo, ao reter dentro de nos o que desejávamos exprimir, muitas vezes somos tomados por uma intensa sensação de aflição, raiva ou revolta ao perceber que nos sentimos incapacitados de executar aquilo que desejávamos.
O conteúdo simbólico da colite, aparentemente é ainda mais significativo: a diarréia representa a necessidade de nos libertarmos de “algo” inaceitável, que não conseguimos nem conter e muito menos assimilar. Esta liberação intestinal encontra sua correspondência, ao nível mental, quando tenta eliminar um conteúdo não confortável, ou seja, com o qual não se consegue coexistir (pensamentos, idéias, emoções, fantasias, ciúmes etc.etc.).
Os fatores psicológicos, neste desconforto, jogam um rol fundamental na transformação deste órgão digestível que por natureza é muito irritável. Pesquisas conduzidas sobre um universo deste biótipo de sujeitos, evidenciaram que raramente há situações mais estressantes do que o normal. De tal modo, a responsabilidade deste mal recai na sensibilidade de cada indivíduo, em outras palavras, na sua reação diante das comuns condições estressantes do dia-a-dia, porque no seu parecer muitas delas são exageradas ou inaceitáveis.
O caráter introvertido da maior parte destas pessoas, faz com que os pacientes deste “desconforto” descarreguem suas tensões e seu mal-estar emotivo ao nível intestinal. Este órgão aparece assim na sua dimensão de mal-estar psicossomático, quer dizer, de enfermidade, porque esta parte do organismo se torna objeto de descarga dos fatores psíquicos.
As causas desta reação, como já evidenciado, devem ser procuradas na primeira infância quando as funções intestinais constituíam também um meio de comunicação com seus genitores e respectivo meio-ambiente. Não devemos esquecer que são estes contatos relacionais com seus procedimentos, modo de pensar, estilo de vida, de se relacionar socialmente e com o mundo, a fornecer as premissas da psicomatização, incluindo os padrões emotivos que estarão por trás da personalidade.
Sim, por não fugirem a regra, a personalidade dos pais pode ser caracterizada por meticulosidades desnecessárias, manias de qualquer natureza até obsessivas, desordens afetivas ora de tipo ansioso ou com tratos depressivos, colapsos existenciais com crises de choro, cansaço e irritação devido a insônia, palpitações, vertigens e em alguns casos até a tendência ao suicídio, todos sintomas dos estados de ansiedade.
Há, além disso, aspectos de fobias exageradas a respeito da morte, a enfermidades consideradas perigosas como o câncer. Desse modo, a ansiedade e a depressão, agindo por meio do sistema nervoso central e o vegetativo, golpeiam este órgão lá onde é coligado com estes sistemas, ou seja, ao nível da musculatura de suas paredes, logo de todos seus movimentos. Desta forma, o intestino responde a situações de stress ou de ansiedade contraindo-se. Assim sendo, as dores abdominais, a flatulência e a própria diarréia que muitos indivíduos experimentam sob tensão, são um exemplo banal, mas significativo, da reação do intestino aos eventos estressantes.
Esta resposta exagerada um sem número de vezes é retardada no tempo ou acontece de forma contínua, dificultando, assim, a identificação do elo entre os sintomas somáticos e as situações estressantes. Outras vezes, a pessoa é tão avessa a admitir a existência de um problema que se cala, ou então, simplesmente, conscientemente não se da conta dele.
Enquanto isso, as enfermidades no aparato cardíaco-circulatório estão sempre interligadas a distúrbios da esfera intelectiva ou emotiva, porque o coração está sempre conectado com as situações emocionais. A prova disso são aqueles indivíduos chamados “sem coração” porque normalmente este predicado é atribuído aos que são frios, isto é, que não sofrem em termos emocionais. Uma das mais freqüentes somatizações é o enfarte, considerando que a problemática do enfartado via de regra está relacionada com a moralidade e a auto-afirmação.
A criatura sujeita ao enfarte, assim como a sujeita à hipertensão, normalmente é aquela que mantém um comportamento severo em todas as circunstâncias, responsável além da conta lógica, e por assim ser, dificilmente se distrai.
A “problemática” cardíaca é a enfermidade psicossomática por excelência, que pode ser funcional ou orgânica. Os sintomas recordam os da angina pectoris e surgem, ao contrário desta, sem aparentes motivos determinantes: não é o stress que determina o ataque cardíaco, mas um estímulo de natureza imprevisível que pode envolver também outras funções orgânicas.
Às vezes, esta afecção está por detrás de um trauma não ou mal resolvido ou oculto atrás do medo de enfrentar a vida ou da morte, mas sempre em conexão a uma carente realização da própria personalidade “eu” interior e a uma ausência inconsciente do real significado da vida.
Os problemas do coração, deste modo, sempre estão conectados aos esforços que despendemos para conseguir viver no interior daquela aureola de felicidade cuja interpretação jamais é similar a mais de um ou dois indivíduos.
Se pensarmos, por exemplo, que para sermos virtuosos temos que trabalhar continuamente sem nos concedermos um minuto sequer para lamentações ou lazer é provável que estejamos exigindo do coração não só um esforço excessivo, mas um esgotamento às vezes até irreversível. Além, disso, sem duvidas, as emoções comprometem seu bom desempenho, porque todas as vezes que vivenciamos uma criamos um bloqueio no plexo solar, bloqueio que trava exatamente aquela energia da qual nosso organismo depende para viver. É nesse momento que o coração começa a nos ajudar bombeando mais fortemente o sangue para fazer circular mais “energia”.
Podemos tranqüilamente verificar este fenômeno quando sentimos medo ou temos receio de enfrentar alguma coisa, porque neste momento a energia é bloqueada e o coração, para enfrentar esta carência, aumenta os batimentos cardíacos exigindo que a respiração seja muito mais rápida. Quando a emoção é demasiadamente intensa, pode haver perda dos sentidos o que indica que por alguns instantes o cérebro foi privado desta energia.
As palpitações, taquicardias e outros problemas cardíacos, revelam indubitavelmente a fadiga de gerenciar os estados emotivos ou, ao contrário, de lhe oferecer a possibilidade de se exprimir, de fazê-los viver.
Sim, às vezes, ao invés de estabelecer um ponto de equilíbrio, tomamos “demasiadamente” a serio a vida e tudo aquilo que acontece ao longo dela, e quando isso acontece, a ausência de prazer naquilo que se faz ou se sente e os poucos espaços destinados à liberdade ou relaxamento, enfraquecem as energias do coração que, em alguns casos, se transformam em tensões cardíacas.
Por outro lado, igualmente o excesso de prazeres, com ênfase os que advêm dos vícios - sem excluir os alimentares, além das paixões impulsivas, são fatores que enfraquecem as energias deste órgão e produzem os mesmos efeitos. Resumindo, todas as emoções, seja de medo, angústia, arrependimento devido a uma sensação de culpa, cólera e até uma felicidade excessiva podem golpear o coração. Enquanto isso, a paz, a tranqüilidade, a serenidade e a satisfação de viver (entusiasmo) independentemente das condições sociais e financeiras que são desfrutadas, garantem ao coração um excelente estado de saúde.
Um outro gênero muito difundido de enfermidades psicossomáticas é constituído pelos distúrbios ao nível do aparato sexual, comumente evidenciados de modo diverso no homem e na mulher, porque desigualmente motivadas.
Existem, de fato, motivações culturais que pertencem somente à educação por estarem interligadas a uma sexualidade vivida em termos de exceção, vez que pode ter sido repressiva ou de culpabilidade. Enquanto que a sexualidade da mulher, com seus mitos como a virgindade (fenômeno cultural em fase de extinção, mas que mantém seu peso em alguns ambientes sociais) pode provocar nela uma modificação e muitas vezes uma alteração, não somente na sexualidade ao nível da sua natural expressão, mas também na conceituação de viver no que diz respeito a parte afetiva mental e sua conexões. A estes aspectos se somam os comportamentos femininos ou masculinos pré-constituidos pela cultura corrente, nos quais ainda hoje persiste o credo que a mulher é um ser “inferior” e mais frágil.
Este prejuízo comporta uma problemática desde o momento da “identificação”, que é aquele em que a criança é levada a imitar o genitor do mesmo sexo para que não incorra em alterações comportamentais. Neste período, uma menina pode se negar a identificar-se com a mãe, se nela percebe uma posição de inferioridade, podendo preferenciar, neste caso, a identificação com o pai por motivos de equilíbrio psicológico ou até patológico, porque entende que se refletindo no pai pode viver uma posição privilegiada.
Entre os distúrbios psicossomáticos, a frigidez e o vaginismo representam simbolicamente a negação do rol de mulher e a dissimulação de uma represada agressividade contra o homem. Enquanto isso, os distúrbios menstruais e a menopausa precoce se deparam, preferencialmente, em mulheres com personalidade hipermoralista e condicionadas pelo rotulo que as instigam a uma existência dedicada à maternidade e a procriação. Estas premissas psicológicas podem inibir a secreção hormonal e abrir espaço para somatizações.
Os distúrbios ligados ao aparato sexual masculino são aqueles relativos à impotência, que vão da impotência parcial ou da ejaculação precoce ou retardada, até a impotência total devido à impossibilidade de ereção. Estas anomalias funcionais são coligadas a problemáticas instintuais ou afetivas.
No primeiro caso pode existir um problema de carência de auto-afirmação, e, assim sendo, de um complexo de inferioridade que leva o homem a ser inseguro de suas prestações (falta de estima). No segundo pode existir um problema de natureza afetiva comumente interligada as figuras genitoriais.
Se a criança, em relação ao genitor do sexo oposto, se percebe rejeitado ou não bem aceito pode inconscientemente se sentir culpado, ou ao contrário cultivar sentimentos inconscientes de ódio em relação a mãe, que como adulto, sempre inconscientemente, restabelecerá com as mulheres. As dificuldades na relação sexual, a este ponto, nada mais é do que a expressão das suas dificuldades afetivas.
Problemáticas afins são geradas também através de um relacionamento com mães autoritárias ou hiperprotetivas que se opõem ao natural afastamento do filho e a manifestação da sua energia sexual na filha mulher.
Na ejaculação precoce, há uma ralação bem clara com a vida afetiva e instintual, enquanto a brevidade da relação sexual representa simbolicamente a medo de não conseguir finalizar o ato, evidenciando, de tal modo, insegurança em relação à mulher além de outra problemática enlaçada a auto-afirmação como homem.
Na ejaculação retardada existe o mesmo relacionamento, mas ligado a conteúdos diversos. Neste indivíduo habitualmente está presente um forte receio de “perder” uma parte de si mesmo ou de dar a mulher, se ela viveu com figuração negativa (autoritária), a mesma parte de si mesmo que inconscientemente vive como se estivesse em perigo.
Ultimamente, este elenco de enfermidades psicossomáticas (para algumas escolas de orientação psicossomática) pouco a pouco aumentou até englobar anomalias funcionais os distúrbios da alimentação (anorexia e bulimia), os sintomas do sistema respiratório (asma, bronquite, hiperventilação e dispnéia), os sintomas cutâneos (eritema, acne, dermatite atípica, psoríase, hiperidrose e sudoração), os sintomas de responsabilidade do sistema musculosquelétrico (cefaléia tensiva, torcicolo, dorsalgia e artrite), os sintomas do sistema geniturinário (dores menstruais, enurese e impotência), os sintomas do sistema endócrino (diabete mellito, hipo ou hepertiroidismo) etc.etc.
Estas conceituações, entretanto, mesmo se refletem a essência do credo de escolas de medicina de orientação psicossomática, isto é, que discordam em número, gênero e grau da visão mecanicista, a que tem como certo que o animal, por ser estruturado como uma máquina, deve ser aberto (cirurgia) para nele e tão somente nele encontrar a causa dos males que o afligem, e assim curá-los (extrações, transplantes de órgãos etc.etc.), prossegue mantendo-se muito aquém das verdades que elucidam, com total segurança porque comprováveis, outros fenômenos como, por exemplo, o do membro que, apesar de ter sido amputado, não somente continua sendo percebido pelo paciente, como, quando não consegue se conter urra por causa das dores alucinantes que nele sente.
Entretanto, no momento oportuno, o leitor será colocado diante daquelas que são as verdades eternas, e que assim permanecerão mesmo se a humanidade, em seu incessante esforço para “TER” em detrimento de “SER”, prossegue se afastando cada vez mais delas.